Essas reflexões sobre os Mistérios do Terço foram feitas pelo Papa São João XXIII.
Na devoção ao Imaculado Coração de Maria Nossa Senhora nos pede que lhe faça 15 minutos de companhia meditando sobre os Mistérios do Rosário.
As reflexões abaixo o ajudarão a fazer companhia para Nossa Senhora na devoção dos primeiros sábados.
Você pode ler todos os 15 mistérios abaixo.
Ou ler os mistérios até completar os 15 minutos - e no próximo sábado retornar de onde parou.
MISTÉRIOS GOZOSOS
(Segunda-feira e sábado)
Primeiro Mistério Gozoso: A
Anunciação do Anjo a Nossa Senhora
Este é o ponto mais luminoso, o que
une o Céu com a terra, o acontecimento mais prodigioso dos séculos.
O Filho de Deus, Verbo do Pai, por Quem
tudo foi feito de quanto se fez na ordem da criação, assume a
natureza humana para ser o Redentor e Salvador de toda a Humanidade.
Maria Imaculada, a mais bela e
fragrante flor da criação, dizendo «Eis aqui a escrava do Senhor»,
como resposta às palavras do anjo, aceita a honra da divina
maternidade que imediatamente se cumpre nela; e nós, como irmãos
redimidos de Cristo, convertemo-nos todos em filhos de Deus. Ó
sublimidade, ó ternura deste primeiro mistério!
O nosso principal e permanente dever é
dar graças ao Senhor, que Se dignou salvar-nos fazendo-Se homem e
nosso irmão.
A intenção de oração na
contemplação deste primeiro episódio, além da perenidade habitual
da ação de graças, é o estudo e o esforço sincero da humildade,
da pureza, de grande caridade, de que a Virgem bendita nos dá tão
atraente exemplo.
Segundo Mistério Gozoso: A Visita
de Maria Santíssima a Santa Isabel
Que elegância e que bondade nesta
visita de três meses que Maria fez à sua querida prima! Uma e outra
depositárias de uma maternidade iminente; para a Virgem Mãe, a mais
sagrada maternidade que se pode imaginar sobre a terra. Que doçura
de harmonia naqueles dois cantos que se entrelaçam: «Bendita és Tu
entre as mulheres» (Lc 1, 42) de uma parte; e de outra: «O Senhor
olhou para a humildade da sua serva, todas as gerações me chamarão
bem-aventurada» (Lc 1, 48).
Esta visão de Ain Karim sobre a colina
do Hebron ilumina com luz celestial e humaníssima, ao mesmo tempo,
as relações das famílias boas, educadas na antiga escola do
Rosário rezado todas as tardes em casa, na intimidade; e em todos os
cantos da terra onde alguém é chamado por alta inspiração
sacerdotal, de caridade missionária, de apostolado ou também por
motivos legítimos de diversa natureza: trabalho, comércio, serviço
militar, estudo, ensino ou qualquer outra razão. Como é belo
reunir-se durante as dez Ave-Marias deste mistério, em que tantas
almas unidas por razão de sangue, por vínculos domésticos, por
tudo aquilo que santifica e estreita os sentimentos de amor entre as
pessoas mais queridas – pais e filhos, irmãos e parentes, vizinhos
ou pertencentes a um mesmo povo –, no ato de refletir, de iluminar
um sentimento de caridade universal, cujo exercício constitui
alegria e honra vitais.
Terceiro Mistério Gozoso: O
Nascimento de Jesus no Presépio de Belém
No momento determinado, segundo as leis
da natureza humana assumida, o Verbo de Deus feito homem sai do
tabernáculo santo que é o seio imaculado de Maria. A sua primeira
aparição no mundo acontece num casebre onde os animais de alimentam
de feno; tudo em redor é silêncio, pobreza, simplicidade,
inocência. Ouvem-se vozes de anjos que anunciam no Céu a paz que o
recém-nascido traz ao universo. Os primeiros Adoradores são Maria e
José, o pai potativo; a seguir, os pastores humildes, convidados
pelas vozes angélicas, descem da colina. Mais tarde chega uma
caravana de gente ilustre precedida, desde longe, por uma estrela e
oferecerá dons preciosos, cheios de significado.
Mas, entretanto, aquela noite de Belém
adquire linguagem de universalidade.
Acerca deste terceiro mistério há
quem goste de contemplar os olhinhos sorridentes do Divino Infante na
sua atitude de olhar todos os povos da terra que passam, um após
outro, como em fila, diante d’Ele, e aos quais Ele identifica:
hebreus, romanos, gregos, chineses, povos de África e de todas as
regiões do universo e de todas as épocas da História, passadas,
presentes e futuras.
Outros, por sua vez, durante as dez
Ave-Marias deste mistério do nascimento de Jesus, gostam de Lhe
rezar pelo número incontável de crianças de todas as raças
humanas que nasceram durante as últimas 24 horas do dia e da noite.
Todas estas crianças, batizadas ou não, pertencem a Jesus de Belém
e participam do seu domínio de luz e de paz.
Quarto Mistério Gozoso: A
Apresentação de Jesus no Templo
A vida de Jesus, ainda nos braços
maternos, expande-se no contacto dos dois Testamentos, Luz e
revelação aos povos, esplendor do povo eleito. São José deve
estar presente e participar igualmente no rito das oferendas
legalmente prescritas.
Aquele episódio perpetua-se na Igreja;
no ato de repetir a Ave-Maria, é gratificante observar as
formosíssimas esperanças do contínuo reflorescimento das promessas
do sacerdócio e dos cooperadores e das cooperadoras, em grande
número, do Reino de Deus: jovens alunos dos seminários, das casas
religiosas, estudantes missionários inclusive das universidades
católicas e de outras formas de um futuro apostolado secular cuja
expansão, apesar das dificuldades e das oposições da hora presente
e mesmo em diversas nações muito atribuladas pelas perseguições,
não cessam de ser espetáculo consolador, ao ponto de arrancar
palavras de admiração e de alegria.
Quinto Mistério Gozoso: A Perda e o
Encontro de Jesus no Templo
Jesus tem já 12 anos. Maria e José
acompanhavam-n’O a Jerusalém para a oração habitual daquela
idade. De improviso desaparece da vista deles, mesmo se vigilantes e
amorosos. Após grande preocupação naquela procura que dura três
dias, encontram-n’O entre os assistentes no Templo. Estava a rezar
com os doutores da Lei. Que palavras tão significativas as de São
Lucas, com que nos descreve com precisão estes factos! Encontram
Jesus sentado no meio dos doutores, em atitude de escutá-los e de
lhes fazer perguntas. Aquele encontro entre doutores era então:
conhecimento, sabedoria, luz, prática na contemplação do Antigo
Testamento.
Tal é, em todo o tempo, a missão da
inteligência humana: recolher as vozes dos séculos, transmitir-nos
a boa doutrina, dilatar com humildade o olhar da investigação
científica acerca do futuro. Cristo está sempre aí no meio, no seu
lugar: «Eu sou o vosso Mestre» (Jo 13, 13).
É a quinta dezena dos mistérios
gozosos, é uma invocação especial em proveito de quantos são
chamados ao serviço da verdade e da caridade, na investigação, no
ensino, na difusão de novas técnicas audiovisuais que levam a amar
a Jesus: cientistas, professores, pensadores, jornalistas;
especialmente estes, pela tarefa própria de comunicar e honrar a boa
doutrina na sua pureza, sem deformações efabuladas.
MISTÉRIOS DOLOROSOS
(Terça-feira e sexta-feira)
Primeiro Mistério Doloroso: Jesus
em Getsemaní
A mente comovida chega a contemplar a
imagem do Salvador na hora do supremo abandono: «E suou gotas de
sangue que caíam por terra» (Lc 22, 44). Deste modo se expressa a
dor íntima da alma, a amargura extrema da solidão, a quebra do
corpo decaído. A agonia nasce da iminência daquilo que Jesus antevê
claramente: a Paixão que O espera.
O episódio de Getsemaní serve de
estímulo ao esforço da vontade para aceitar o sofrimento: «Que não
se faça a minha vontade mas a tua» (Lc 22, 42). Palavras que
ensinam como se sofre, e indicam como se obtêm os maiores méritos.
Porém, também são consolo interior e verdadeiro para todos aqueles
que sofrem as dores mais atrozes e misteriosas. Neste âmbito, que
contornos de confiança e de ternura adquire a invocação a Maria
que experimentou a mesma dor íntima em união com o seu Filho! Na
nossa oração lembremos o Papa, lembrando as suas responsabilidades
universais, que são objeto de intensa preocupação no seu coração.
Ele, não obstante, confia na assistência permanente prometida por
Cristo ao seu Vigário, e invoca força e consolação para os que
sofrem com ele, para os atribulados, para os aflitos.
Segundo Mistério Doloroso: A
Flagelação
Este mistério traz à memória o
impiedoso suplício das chicotadas sobre os membros imaculados e
inocentes de Jesus.
A pessoa é corpo e alma; o corpo sofre
as tentações mais humilhantes e a vontade débil pode deixar-se
arrastar. Por isso, há neste mistério um convite à penitência
saudável que deve envolver e proteger a verdadeira saúde da pessoa,
na sua totalidade, como ser corporal e espiritual.
Disso deriva um grande ensinamento para
todos. Nós não somos chamados ao martírio cruento, mas à
disciplina constante, quotidiana das paixões. Por este caminho
vamo-nos assemelhando cada vez mais perfeitamente a Jesus Cristo e
participando dos seus méritos.
A Mãe dolorosa viu Jesus assim
flagelado: quantas mães gostariam de ver a perfeição moral dos
seus filhos através da disciplina da educação, da instrução, de
uma vida sã, no entanto têm de chorar ao constatar o não
cumprimento das suas esperanças e fadigas!
A nossa prece será, pois, rogar ao
Senhor o dom da pureza de costumes nas famílias e na sociedade,
especialmente nas almas jovens mais expostas às seduções dos
sentidos; e pedir, ao mesmo tempo, o dom da fortaleza do caráter, da
fidelidade aos propósitos feitos e aos ensinamentos recebidos.
Terceiro Mistério Doloroso: A
Coroação de Espinhos
É o mistério cuja contemplação se
ajusta melhor àqueles que levam ou que carregam o peso de graves
responsabilidades no cuidado das almas e na liderança do corpo
social; portanto, é o mistério dos papas, dos bispos, dos párocos;
é o mistério dos governantes, dos legisladores, dos magistrados.
Também sobre as suas cabeças há uma coroa na qual está, sim, uma
auréola de dignidade e de distinção, mas que, por isso mesmo, pesa
e faz doer, com espinhos e desgostos. Onde está a autoridade não
pode faltar a cruz, por vezes a da incompreensão, a do desprezo ou a
da indiferença e a da solidão.
Outra aplicação para este mistério
faz-nos pensar nas graves responsabilidades de quem recebeu maiores
talentos e está obrigado a fazê-los frutificar mediante o exercício
contínuo das faculdades da sua inteligência. O serviço do
pensamento, isto é, o empenho que se exige a quem dele está mais
dotado para ser luz e guia de outros, deve ser exercido com
paciência, rejeitando as tentações do orgulho, do egoísmo, da
desagregação que arruína.
Oremos, portanto, pelos príncipes do
povo que pertencem à ordem religiosa e civil, e também por aqueles
que têm responsabilidades de pensamento, de criação artística e
de escrita.
Quarto Mistério Doloroso: O Caminho
da Cruz
A vida humana é um peregrinar
contínuo, longo e pesado. Subir, subir, pela colina escarpada, pelo
caminho a todos assinalado. Neste mistério, Cristo representa o
género humano. Ai! Se não houvesse uma cruz para cada um, a pessoa
ver-se-ia tentada pelo egoísmo, pelo hedonismo, pela
insensibilidade, e sucumbiria.
O fruto que se obtém da contemplação
de Jesus que sobe para o Calvário é o de acolher e beijar a Cruz,
levando-a com generosidade e alegria, segundo as palavras de Imitação
de Cristo: «Na Cruz está a salvação, na Cruz está a vida, na
Cruz está a proteção contra os inimigos, a efusão de uma
suavidade celeste» (Lib. 2, cap. 12, 2).
Estende também a oração a Maria
dolorosa que seguiu Jesus com espírito de participação nos seus
méritos e nas suas dores.
A prece abre os olhos à imensa visão
dos atribulados órfãos, idosos, doentes, missionários, débeis e
exilados, e pede para todos a força e a consolação que só a
esperança dá: «Eu te saúdo, ó Cruz, única esperança» como nos
diz a Liturgia.
Quinto Mistério Doloroso: A Morte
de Jesus
Vida e morte representam os dois pontos
preciosos e orientadores do sacrifício de Cristo: desde o sorriso de
Belém que quer abrir-se a todos os filhos dos homens na sua primeira
aparição na terra, até ao suspiro final que recolhe todas as dores
para as santificar, todos os pecados para os apagar. E Maria está
junto à Cruz, como estava junto do Menino em Belém.
Rezemos a esta piedosa Mãe, a fim de
que Ela própria rogue por nós agora e na hora da nossa morte.
Aqui está iluminado também o grande
mistério dos pecadores obstinados, dos incrédulos, daqueles que não
receberam nem receberão a luz do Evangelho, que não saberão
reconhecer o sangue derramado também por eles, pelo Filho de Deus. E
a oração dilata-se numa ânsia de justa reparação, num horizonte
de amplitude missionária, para que o Sangue preciosíssimo,
derramado por todos, proporcione a todos a conversão
e a salvação: o Sangue de Cristo,
penhor de vida eterna.
MISTÉRIOS GLORIOSOS
(Quarta-feira e domingo)
Primeiro Mistério Glorioso: A
Ressurreição de Jesus
É o mistério da morte dominada e
vencida; desde a morte aos esplendores da vitória e da glória.
Apresenta-nos o maior triunfo de Cristo; e simultaneamente contém a
certeza do triunfo da Santa Igreja Católica sobre as adversidades e
as perseguições da História do passado e as do futuro: Cristo
vence, reina, impera. É conveniente recordar que a primeira aparição
de Cristo ressuscitado foi às piedosas mulheres que estiveram muito
perto d’Ele na sua vida e nos sofrimentos até ao Calvário.
Neste esplendor, o olhar da fé
contempla, unidas a Jesus ressuscitado, as almas mais queridas,
aquelas com as quais experimentámos a familiaridade e partilhámos
as dores. Como se aviva à luz da Ressurreição de Jesus a memória
dos nossos mortos! Estes são recordados e benditos no sacrifício do
Senhor ressuscitado.
Por alguma razão, a Liturgia oriental
conclui o rito fúnebre com o Aleluia para todos os mortos. Para eles
invocamos a luz dos eternos tabernáculos, enquanto o pensamento voa,
para a ressurreição que espera os nossos despojos mortais: «E
espero a ressurreição dos mortos», como rezamos no Credo. Esperar
e confiar na suavíssima promessa de que a ressurreição de Jesus é
penhor seguro.
Segundo Mistério Glorioso: A
Ascensão de Jesus ao Céu
Neste quadro contemplamos a consumação
das promessas de Jesus. É a sua resposta ao nosso anseio do Céu; é
o retorno definitivo ao Pai, de Quem procede e veio ao mundo, é a
certeza para todos nós a quem prometeu uma morada lá em cima: «Vou
preparar-vos um lugar» (Jo 14, 2).
Este mistério oferece-se, antes de
mais, como uma luz e advertência para as almas, de acordo com a
vocação de cada um. Dá vigor ao movimento espiritual que conduz à
santificação, o ardor de contínuas ascensões que preparam a alma
na medida da idade plena de Cristo (Ef 4, 13); neste esforço de
perfeição estão compreendidos os sacerdotes, os religiosos e as
religiosas, missionários e missionárias, seculares distintos, almas
que querem ser bom perfume de Cristo (2Cor 2, 15) e vivem já numa
transmissão de vida celestial.
O ensinamento desta dezena é uma
exortação a não deixar-se distrair por aquilo que conturba, mas
abandonar-se à vontade do Senhor, que nos leva ao Alto.
Terceiro Mistério Glorioso: A Vinda
do Espírito Santo
Os Apóstolos no cenáculo, reunidos
com Maria, recebem o dom último de Cristo, o seu Espírito, o
Consolador e Advogado. Com a vinda e efusão do Espírito Santo, a
herança de Cristo, ainda trepidante e ansiosa, recebe o selo da
catolicidade que a expande a todos os confins. O Espírito Santo
continua as suas efusões sobre a Igreja todos os dias; os séculos e
os povos pertencem-Lhe. Os eus triunfos não são sempre visíveis,
mas estão efetivamente cheios de surpresas e de maravilhas.
Quarto Mistério Glorioso: A
Assunção de Maria ao Céu
A imagem suave de Maria ilumina-se e
irradia na exaltação suprema. É bela a cena da Dormição de
Maria, tal como os cristãos do Oriente a contemplam: Ela permanece
deitada no plácido sono da morte e Jesus está junto d’Ela e tem
no seu peito, como se fosse uma criança, a alma da Virgem, para
indicar o prodígio da sua imediata ressurreição e glorificação.
Este mistério é motivo de consolação
e de confiança nos dias de dor para aquelas almas privilegiadas que
Deus prepara no silêncio para os mais altos triunfos. O mistério da
Assunção familiariza-nos com o pensamento da nossa morte, num
ambiente de sereno abandono ao Senhor, que queremos que esteja
próximo na nossa agonia para acolher nas suas mãos a nossa alma
imortal.
Quinto Mistério Glorioso: A
Coroação de Maria como Rainha do Céu e da Terra
Está aqui a síntese de todo o
Rosário, que fecha a grande visão aberta com a Anunciação do
Anjo. Um único fluxo de vida perpassa através de cada um dos
mistérios e recorda-nos o plano eterno de Deus para a nossa
salvação; o começo, no oculto; a conclusão, no esplendor dos
Céus; a reflexão há de recair sobre nós mesmos, sobre a nossa
vocação, pela qual um dia seremos associados aos Anjos e aos Santos
e cujas graças santificantes antecipa já desde esta vida, realidade
misteriosa e consoladora. Ó que delícia! Ó que glória! Somos
concidadãos dos Santos e da família de Deus, edificados sobre os
fundamentos dos Apóstolos e dos Profetas, sendo pedra angular o
próprio Cristo Jesus (Ef 2, 14-20).
A prece neste mistério é orar pela
perseverança final e pela paz na terra, que abre as portas da
eternidade bem-aventurada.